Continuando sobre esse tema bem complexo.
Meu segundo recado: “Desista!”.
Calma, isso não é tão contraditório assim.
Lembra do texto sobre dar murro em ponta de faca?
Existem coisas que realmente não vão fazer bem para você. Não adianta o quanto insista. O melhor exemplo é fumar crack. Mas existem coisas mais leves.
Vou me usar como exemplo prático porque é o que tenho como ferramenta:
A Universidade do Estado do Amazonas – UEA utiliza o sistema de cotas para seus cursos. Dentre os vários grupos, o principal, o que tem o maior número de vagas, é para pessoas que concluíram o Ensino Médio em Escolas Públicas e ainda não cursam, ou não são formadas, (n)o Ensino Superior (em Instituições Públicas, acredito que tem esse detalhe também). Acontece que, para disputar nesse grupo em 2007 (ano que fiz o vestibular para Direito), precisei desistir da minha vaga em Engenharia. Entenda, eu literalmente larguei um pássaro na mão para pegar outro voando.
Mas Engenharia não era pra mim. Muito provavelmente eu seria um adulto ainda mais frustrado se tivesse continuado naquele curso.
Partindo para a analogia mais ampla e bem estruturada/emocionada, para quem assistiu Up – Altas Aventuras, na parte onde a casa finalmente chega no destino planejado pelo velhinho, ele precisa voltar a flutuar para salvar seus companheiro de aventura. Acontece que muitos balões estouraram durante o caminho e agora não tem como retornar aos céus. Daí vem uma das sequências mais emocionantes em termos de maturidade. Passamos a assistir uma pessoa se desfazendo de todos os móveis, eletrodomésticos e demais artigos do seu lar para que este fique mais leve. A moradia vazia é apenas um instrumento agora. Temos inclusive a visão das poltronas colocadas lado a lado, da mesma forma como estavam na sala, e serviram por décadas para o casal que sonhava em ali estar um dia.
Em certos momentos, para conseguirmos seguir em frente é preciso deixar pra lá aquilo que nos segura de forma negativa no lugar. Aquilo que não nos é mais útil para a próxima jornada.
Não tem nada de errado em desistir daquilo que realmente não vai mais te servir para crescer.
Aquilo sempre vai te acompanhar. Na memória. Como parte do seu caráter. Mas não precisa mais ser algo te incomodando. Te prendendo.
O difícil é pesar o que vale a pena manter e o que deve ser deixado pra lá.
Mas isso já é assunto para outro texto.