Depois que comecei a trabalhar, ainda levei um tempo até me entregar aos prazeres tóxicos do cartão de crédito. Sempre ouvi que o ideal é gastar somente aquilo que você recebe e o cartão de crédito te proporciona o prazer de usar o dinheiro que você tem somente a expectativa de ver.
Pense assim, quando algo é parcelado em 10x em meados de janeiro, cê vai pular o carnaval, comer chocolate na páscoa, comemorar o dia do trabalhador, dançar quadrilha na festa junina, torcer na copa do mundo (exclusivo desse ano), folgar no dia da independência e somente quando estiver maratonando filmes de terror no Haloween/Dia das Bruxas é que a última parcela será quitada. E, dependendo do dia da compra e do fechamento da fatura, ainda pode ficar para novembro.
Minha mãe, como a pessoa sábia que é, sempre me disse para preservar o meu nome. Ou seja, não contrair dívidas no nome de outras pessoas. E eu demorei MUITO pra entender o alcance dessa frase.
As empresas de crédito fazem verdadeiras investigações sobre a capacidade de uma pessoa de pagar suas dívidas. O que pode incluir inclusive a verificação da sua declaração de imposto de renda, o que é algo ruim para sonegadores que querem ter acesso ao maravilhoso e venenoso mundo dos benefícios bancários.
Logo, pessoas que não possuem cartão de crédito estão sendo margeadas pelo capitalismo. Isso não é bom ou ruim. É simples fato.
Não obstante, pessoas precisam eventualmente de crédito. Por qualquer motivo que seja, comprar roupas, pagar passagens de avião, realizar procedimentos médicos, abastecer veículos, comprar ingressos para eventos, etc. E é normal que essa parcela deixada de fora do mundo exótico e pútrido das finanças infladas acabe recorrendo aos meios mais fáceis de conseguir dinheiro ou crédito.
Pedindo empréstimos ou favores.
Daí entra de vez o conselho de minha sábia mãe: não empreste seu cartão de crédito para ninguém. Simplesmente porque se a pessoa verdadeira dona da dívida sumir, quem precisa assumir a responsabilidade é você. E o que vai ficar sujo é o seu nome. Mas as palavras de alerta dela também são acompanhadas de acalento, uma vez que também me ensinaram que qualquer problema ou dívida existente em minha vida, surge apenas para testar minha capacidade de superar ou pagar meu quinhão.