Não tenho certeza se vou conseguir expressar tudo o que quero hoje. Principalmente porque vou contar uma história para depois fazer uma analogia. E ambas são relativamente importantes e mereciam ser abordadas com mais calma, mas é o que tem pra hoje.
Bom, sabe o assunto “Classes de Palavras”? Sabe os seminários da escola? Pois é, apenas no Ensino Médio decobri que esse segundo é o método mais “fácil” de ministrar um assunto longo, sem se preocupar realmente se as pessoas vão prestar atenção ou absorver totalmente o conteúdo.
Tá, na teoria o seminário é lindo. No Ensino Fundamental é basicamente fazer passar o tempo dos alunos e do professor de maneira beeeem leve e sem grandes compromissos.
Aquele primeiro era sempre uma vítima. Durante uns 2 ou 3 anos, toda vez que chegava nessa parte (não faço ideia também de porque o assunto aparecia em mais de um ano) era seminário e eu só conseguia aprender um assunto por vez. Por sorte meus pais são professores (aposentados, mas ainda professores) e tinham muito material didático em casa, inclusive umas gramáticas ótimas que me ajudavam até onde meu cérebro conseguia ir.
Faço uma pausa aqui para explicar que certos assuntos são um pouco complicados de entender sem ter uma pessoa falando comigo. É sério, algumas coisas realmente só funcionam ou são compreendidas com alguém explicando e tirando minhas dúvidas na hora.
Pois bem, em algum ano, o professor titular precisou se ausentar e colocaram a esposa dele no lugar e essa foi a melhor coisa que aconteceu. Simplesmente porque um dia ela perguntou onde estávamos na matéria e se tínhamos alguma dúvida. Como uma criança tímida, esperei o final da aula e fui falar com sobre minha vontade de entender Classes de Palavras. E, provavelmente por sorte, ela decidiu ensinar tudo nos dias que se seguiram.
Aquelas foram algumas das melhores aulas que já tive. Ah, como é bom alguém explicar sobre a função do artigo, que tudo são substantivos, que advérbios são invariáveis, etc. É simplesmente incrível ter uma aula de verdade sobre um assunto que te interessa e que faz diferença na sua vida. E Língua Portuguesa, em regra, faz diferença. Principalmente caso você queira se expressar.
Essa experiência me mostrou que realmente faz sentido classificar e dividir as palavras em suas funções e atribuições. É daí que obtemos o valor e entendemos real importância de saber que “canto” pode ser uma ação (verbo) ou um local (substantivo). Entender que só existe “menos” (advérbio). Que algumas palavras só vão ser percebidas em maior quantidade por causa dos seus artigos (os lápis). E como adicionar características torna uma coisa simples em algo singular (minha casa é bonita).
Enfim, classificar, segmentar, dividir, estudar especificamente é importante por diversos motivos. Assim como colocar o nome certo nas coisas.
Um moça em Goiás foi morta por um garoto que não aceitou ser rejeitado. Ele invadiu a escola e disparou contra o rosto dela vezes o suficiente para ser necessário parar e recarregar a arma.
Isso não é um “homicídio simples” como descrito no art. 121, do Código Penal Brasileiro. Esse é o caso de crime com agravante, inciso VI do mesmo artigo, um Feminicídio.
Eu particularmente defendo a tipificação de condutas que o Poder Público precisa focar sua energia para combater. Não é de ontem que a sociedade já entendeu que matar alguém é errado e mesmo assim, só no Brasil, já estamos na casa de 50 mil mortes por ano.
E só a letra fria não resolve, mas demonstra que estamos tentando caminhar para uma direção melhor. Obviamente que a crise política atual brasileira tá complicando tudo, mas vai de cada um entender o seu papel nessa história toda.
E eu acho quase revoltante ver pessoas que se recusam a aceitar que existem mulheres morrendo pelo motivo de serem mulheres. É assustador ver como algumas pessoas parecem não querer que isso seja classificado assim.
Complicada toda essa história. Mas conversar sobre é o mínimo que podemos fazer.
Obrigado. Isso era o que eu precisava ler nesse momento. Não apareço, mas te leio…
CurtirCurtir
Fico feliz que tenhas gostado. Alguma parte específica do texto te agradou mais?
Fique bem.
CurtirCurtir